março 20, 2007

l ´ Itália!

As Pinturas do Império Romano

Estilos de origem grega continuaram a influenciar fortemente os artistas até bem depois do período helenístico, que se convencionou haver terminado com a batalha do Áccio (27 a.C.). Logo após esse confronto, a república romana, no governo de Augusto, converteu-se em império e se tornou a potência dominante no mundo ocidental, posição que conservaria por mais alguns séculos. Todas as pinturas helenísticas que chegaram até nós são do período romano, e muitas foram feitas por artistas latinos que copiavam figuras gregas. Essas pinturas romanas do século I revelam um naturalismo sem precedentes e um caráter descontraído e lírico. Tais aspectos ficam especialmente óbvios em Moça a colher flores, essa bela pintura mural, de aparência tão moderna, que foi encontrada na cidade romana de Estábias. (Estábias era uma pequena estação de veraneio, não tão conhecida como Herculano ou Pompéia, que foi destruída junto com essas duas cidades na mesma erupção do Vesúvio, em 79 d.C.)

Deslizando suavemente, a jovem afasta-se de nós com um encanto comovente. Não vemos seu rosto, como se ela preferisse esconder de nós a extraordinária beleza que parece associar-se às delicadas flores que colhe. Ela some nas brumas, deixando atrás de si apenas uma indicação do que deve ter sido a pintura romana. Costuma-se esquecer a vulnerabilidade da pintura e a facilidade com que obras primas podem ser destruídas.

Pinturas Murais Ilusionísticas

Também temos um número considerável de pinturas romanas de Pompéia, mas grande parte delas é claramente obra de artistas provincianos, muito influenciados pela pintura grega (que os romanos admiravam tanto quanto a escultura grega e copiavam nas casas dos ricos).

O interesse romano na paisagem é, provavelmente, de origem helenística. Também é provável que os artistas romanos estivessem dando continuidade a uma tradição helenística quando embelezavam as paredes do interior das casas com ilusões de revestimentos caros e de lajes de mármore colorido. Tal habilidade foi aplicada nos palácios dos césares no monte Palatino. O que diferencia da tradição helenística a arte romana é a preocupação com os fatos – lugares, rostos e acontecimentos históricos. Os artistas latinos estavam sobretudo interessados no espaço (o que talvez lance uma luz curiosa sobre a psique coletiva romana). Também sabiam como ampliar o espaço numa parede, mediante falsas imagens de pórticos e parapeitos, os quais, por sua vez, enquadravam ilusões de paisagens e figuras. O mural do saguão da Villa di Lívia, em Prima Porta, nos arredores de Roma, é um exemplo encantador do esforço de criar uma ilusão de jardim. Utiliza a técnica do afresco e mostra aves, frutas e árvores com minúcia realista. Uma treliça baixa separa-nos do estreito gramado. Para além, vêem-se uma mureta e, depois, árvores frutíferas.

Tal ilusionismo é visto não apenas em murais, mas também em pequenas obras, como, por exemplo, numa natureza morta com pêssegos e jarra de água que foi pintada por Herculano por volta de 50 d.C.

Essa imagem de aspecto tão moderno, extraordinariamente viva, revela compreensão da luz natural: o artista tentou mostrar os vários efeitos da luz que incide nos objetos e através deles; ele também usa com coerência o claro-escuro (a arte de distribuir sobre um fundo de sombra efeitos de luz difusa) como meio de dar volume à forma e reforçar a ilusão da realidade. Mais uma vez, essa habilidade foi de início vista nas obras helenísticas, o que revela quantas idéias foram importadas por Roma.

O Retrato Romano

Hoje se acredita que a pintura mural conhecida como “O padeiro e sua mulher”, uma obra do século I descoberta em Pompéia, retrata não um padeiro, mas um advogado e sua esposa. (Os arqueólogos ainda tentam determinar a quem pertencia a casa em que esse mural foi encontrado) mas, não importa quem fosse o casal, o retrato é essencialmente romano, com todo o interesse concentrado nas personalidades dos dois jovens.

O marido, um rapaz sério e ligeiramente desajeitado, olha ansioso para o observador, enquanto a moça contempla a distância, meditando e segurando um estilo junto a seu queixo delicadamente acentuado. Ambos parecem solitários, como se esses olhares diferentes revelassem algo de seu casamento. Vivem juntos, mas não compartilham a vida. Há outro aspecto comovente: a Casa de Neo (qualquer que fosse o ofício do dono, sabemos ter sido esse o nome do imóvel em que se localizava a pintura) ainda não estava concluída à época da erupção, e, por isso, é possível que aquela solitária existência a dois tenha sido tragicamente curta.

As Múmias de Faium

Talvez a mais instigante das pinturas latinas possa igualmente ser considerada egípcia, pois as duas culturas mesclaram-se de forma extraordinariamente viva quando, durante o domínio romano no norte da África, o realismo europeu encontrou o lirismo africano. Escavações trouxeram à luz múmias do cemitério de Faium, uma cidade (hoje, um distrito) perto do Cairo. Essas múmias estão protegidas por diversos tipos de invólucro, que vão de papel-machê a sarcófagos de madeira. Junto a cada múmia, há um painel em que o retrato do morto foi pintado por encáustica, veículo que consiste em pigmentos suspensos na cera quente. Sabemos que esse sarcófago foi feito para receber o corpo de um homem chamado Artemidoro, pois seu nome está escrito ali. As silhuetas abaixo do retrato do morto representam divindades egípcias.

Embora os retratos de Faium mostrem pessoas de todas as idades, os mais tocantes são os de jovens adultos. Talvez pretendessem dar idéia da natureza do indivíduo, de seu espírito, em vez de mostrar a aparência externa; nesse caso, é possível que alguns dos retratos tenham sido idealizados.

A Escultura Romana

Muito depois de desaparecida a antiga civilização romana, exemplares de sua escultura continuam visíveis em todas as partes daquele império. Na própria Roma, os grandes relevos narrativos na Coluna de Trajano e no Arco de Tito estavam à vista de visitantes e moradores da cidade. A Coluna de Trajano tem a altura de um edifício de dez andares, e seu pedestal, o equivalente a dois andares. Foi erigida em 113 d.C. para homenagear o imperador Trajano, cuja estátua dourada (substituída no século XVI pela de São Pedro) estava colocada no topo. O mármore da superfície é talhado de modo a parecer um pergaminho que se desenrola em espiral coluna acima.

O “pergaminho” tem mais de 180 metros de comprimento e inclui mais de 2500 figuras humanas. Ele mostra uma série de cenas das triunfais campanhas de Trajano na Dácia (a atual Romênia). Nos trechos reproduzidos aqui, soldados e operários erguem as muralhas de uma fortificação. Os relevos são rasos e tem ar de pintura. Formam uma narrativa continua e clara, conduzindo o “leitor” através de 150 episódios em sucessão. No século XVI, esses relevos formam importante inspiração e influência para os artistas da Renascença, que consideravam os densos entalhes da coluna uma demonstração idealizada e tridimensional do que a arte bidimensional pretendia.

Da África para a Europa. Culturas mediterrâneas

Culturas Egéias da Idade do Bronze

A civilização minóica (300-1100 a.C.), uma cultura da Idade do Bronze que recebeu esse nome por causa do mítico rei Mino, foi a primeira a surgir na Europa. Tinha por base a pequena ilha de Creta, no mar Egeu, entre a Grécia e a Turquia, e desenvolveu-se mais ou menos em paralelo à civilização do Egito, seu vizinho africano. Mas, apesar de tal proximidade e de certas influências em comum, a cultura egípcia e a minóica permaneceram bastante separadas. A minóica viria a ter enorme influência na arte da Grécia antiga. Cultural e geograficamente, Creta era o centro do mundo egeu. Também em paralelo com a civilização minóica, estava a das Cidades, um grupo de ilhas no Egeu. Dessa sociedade recuperaram-se ídolos, objetos cujas formas antigas, quase neolíticas, reduzem-se à mais simples abstração, mas ainda retêm o poder mágico do fetiche.

Aqui temos um estranho antecessor da arte abstrata de nosso século, na qual o corpo humano é visto em termos geométricos, com uma imensa força em bruto, contida e controlada pela força linear. Na origem, os olhos, bocas e outros traços dos ídolos eram pintados.
A Arte Minóica e a Micênica

Em grande parte, a arte minóica é representada por entalhes e por cerâmica pintada; só em 1500 a.C., durante o grande “período do Palácio”, começamos a encontrar pinturas, e destas, em geral, restaram apenas fragmentos. Embora certo grau de estilização egípcia se evidencie, por exemplo, no modo com que se repetem esquematicamente as figuras humanas, a representação minóica exibe um naturalismo e uma elasticidade bastante ausentes na arte egípcia. Os minóicos encontravam inspiração na natureza, e sua arte caracteriza-se por espantoso grau de realismo. Eram uma civilização marítima, e as pinturas revelavam conhecimento do oceano e das criaturas marítimas, como os golfinhos, por exemplo.

Esse animado exemplo é do palácio de Cnossos, que foi escavado nas duas primeiras décadas do século XX. Outro tema recorrente é o salto sobre touros, um ritual que se acredita estivesse ligado a religião. Outra obra do palácio real de Cnosso, o “Afresco do toureador”, é uma das mais bem conservadas pinturas minóicas, ainda que fragmentária. Os fragmentos reunidos, revelaram três acrobatas, sendo duas moças de pele clara e um homem de pele mais escura, o qual salta sobre um touro. Na interpretação mais comum, essa pintura representaria uma seqüência de movimentos: a moça da esquerda segura os chifres do touro na preparação para o salto; o homem encontra-se a meio salto; a moça da direita já está no chão e apruma-se esticando os braços.

A civilização micênica era uma cultura da Idade do Bronze e desenvolveu-se na Grécia continental. Veio a suceder a antiga civilização minóica em Creta, surgindo por volta de 1400 a.C. para tornar-se a cultura dominante na ilha. A história e as lendas da civilização micênica constituem o pano de fundo para narrativas de Homero (c. 750 a.C.) cujos poemas épicos, a Ilíada e a Odisséia, refletem a chamada “era heróica”: o fim do período micênico. Uma das mais duradouras imagens da arte micênica é essa mascara funerária, que durante certa época, imaginou-se ser a do rei micênico Agamenon, o qual, nas lendas homéricas, liderou os gregos nas guerras de Tróia. Sabemos apenas que se trata de uma máscara funerária e que foi tirada de um dos túmulos régios do período micênico, no século XVI a.C.

Além de certo amor ao ouro, a máscara revela a imensa dignidade da imagem micênica do homem. Essa obra muitíssimo expressiva é uma grande descrição icônica do que significa ser um ser humano. Fragmentos de pinturas micênicas encontradas em dois sítios arqueológicos (Tirinta e Pilo) na Grécia representam o que devem ter sido impressionantes ciclos murais. Muitos dos murais minóicos e micênicos não eram afrescos no sentido habitual da palavra, pois assim como para os egípcios, foram criados aplicando-se a têmpera à massa seca. Entre os temas dos murais micênicos, incluíam-se não só as cenas do cotidiano, mas também descrições do mundo natural. Se comparada à arte minóica, a micênica era bastante solene. Essas duas tradições formavam o pano de fundo do qual emergiria a arte grega posterior.

A civilização micênica entrou em colapso por volta de 1100 a.C. Seu fim marcou o término da Idade do Bronze na Grécia. Seguiu-se um período de uns 100 ou 150 anos, conhecido como “Idade das Trevas”, e sabemos menos sobre a cultura egéia nessa fase. Depois disso, findou-se a pré-história e começou a história escrita. Aproximadamente em 650 a.C., a Grécia arcaica emergiu como a civilização mais avançada na Europa.

A nova visão da Grécia

Da mesma forma que seus antecessores cretenses, os gregos eram muito menos preocupados com túmulos do que os egípcios. Deixaram-nos uma série de estatuetas de bronze, que são tidas em alta conta. Mas a pintura dos gregos perdeu-se quase por completo. Uma das razões para isso está em que, diferentemente dos egípcios, minóicos e micênicos, que pintavam apenas murais, os gregos pintavam sobretudo em painéis de madeira, que não resistiram ao tempo.

O erudito romano Plínio, o Velho (23/24-79 d.C.), cujas detalhadas descrições do mundo antigo influenciaram muitas gerações seguintes, é a maior fonte de informações sobre a pintura grega. Em todas as outras escolas artísticas, a veracidade de tais descrições pode ser avaliada pelas pinturas que chegaram até nós. Isso não vale para a grega, e, portanto, jamais se poderá determinar o valor do que Plínio escreveu. Nossa única pista da beleza da pintura grega está quase toda na decoração de vasos, uma arte relativamente menor e essencialmente utilitária. A palavra “vaso” (que começou a ser usada no século XVIII como termo amplo para designar a cerâmica grega) talvez crie equívocos. Ao contrário do que pode acontecer hoje em dia, os gregos nunca faziam vasos apenas com fins decorativos; sempre tinham em mente um propósito específico. Seus ceramistas produziam uma ampla gama de produtos, em diversos formatos, tais como jarras de armazenagem, garrafas de perfume e ungüento e recipientes de líquidos usados em rituais.

Nas pinturas gregas de vasos percebemos a preocupação com a anatomia, pois a figura humana tornou-se o principal tema da arte e da filosofia gregas. Vemos um afastamento em relação ao que mostravam as pinturas dos túmulos egípcios, com aquelas fórmulas pré-concebidas para representação do mundo. Surge toda uma nova maneira de ver a arte, em relação ao que o olho enxerga - o corpo humano tal qual é.

Estilos na Pintura Grega de Vasos

O ateniense Exécia (Exekias), que viveu por volta de 535 a.C., assinou como pintor pelo menos duas peças cerâmicas em que aparecem figuras negras, e o estilo do artista, com sua poesia e perfeito equilíbrio, é reconhecível de imediato. Vale observar que Exécia produzia não apenas as pinturas, mas também as cerâmicas. Sua obra é importante porque revela a direção que a arte figurativa tomaria, indicando o salto desde uma reprodução simbólica dos objetos no mundo até uma representação que procurava mostrar o mundo tal como ele realmente se apresenta. Isso fica muito evidente no tratamento dado à vela da embarcação nesse soberbo cúlice (ou kylix, uma taça rasa de duas alças), Dionísio em seu barco.

Dionísio, o deus do vinho, da vegetação e da fertilidade, jaz em repouso enquanto leva à humanidade o segredo do vinho. Vinhas simbólicas enrolam-se no mastro e elevam-se frutuosamente para o céu, em maravilhosa adaptação à difícil composição circular do cúlice. O barco com a vela fulgurante, desliza majestoso sobre o mundo rosa e laranja do Céu e da Terra, e golfinhos brincam ao redor da presença sagrada.

A pintura grega de vasos está preocupada em contar histórias, e muitos vasos trazem imagens de episódios relatados por Homero na Ilíada e na Odisséia, obras escritas no século VIII a.C. Vasos ornados com narrativas datam de tempos anteriores a Homero, chegam ao período clássico grego (que sucedeu o período arcaico por volta de 480 a.C.) e alcançam até épocas bem posteriores.

A menos que vejamos imagem e vaso como um todo, não podemos apreciar por completo a pintura cerâmica grega. Uma figura chave na Odisséia, Palas Atena, a deusa protetora da cidade de Atenas, aparece numa ânfora confeccionada cerca de 480 a.C. pelo artista anônimo que os estudiosos denominaram Pintor de Berlim.

A curva negra e brilhante da ânfora cria a impressão de que a deusa afasta-se de nosso olhar, ao mesmo tempo que nos possibilita vislumbrá-la em sua solene doçura. Palas Atena estende uma jarra de vinho para Heracles, que está na outra face da ânfora; ambas as figuras mantêm intacta sua própria privacidade, mas ainda assim se comunicam. Essa ânfora é um exemplo da técnica das figuras vermelhas, que foi inventada por volta de 530 a.C. e sucedeu a cerâmica das figuras negras. Na técnica das figuras vermelhas, as figuras não recebiam pigmento; o fundo negro é que era pintado em torno delas, deixando que o vermelho da cerâmica desenhasse as figuras, as quais tinham então pintados seus detalhes anatômicos. Assim, as cenas descritas nos vasos foram ficando cada vez mais complexas e ambiciosas. Um bom exemplo dessa inovação é a pintura no interior de uma tigela de beber fabricada na olaria do ceramista Brigo (Brygos); o artista que a pintou é conhecido simplesmente como Pintor de Brigo.

Embora o tema (a mulher que segura a cabeça de um jovem bêbado enquanto ele vomita) não seja atraente, as figuras são representadas com dignidade e finura.

Retratando a Forma Humana

O modo com que os gregos representavam o corpo humano exerceu influência direta no desenvolvimento da arte romana e de toda a arte ocidental posterior. Uma vez que já não podemos ver muitas figuras gregas, dependemos da escultura grega para traçar a evolução do nu humano. As primeiras estátuas gregas, como, por exemplo,

esse Curo do século VII a.C., baseavam-se no sistema quadriculado dos antigos egípcios (curo ou kouros significa “moço” ou, na escultura da época, a estátua de um rapaz nu em pé). Aos poucos as linhas suavizaram-se, como vemos no “Rapaz de Crítio”, que recebeu esse nome por causa do escultor grego Crítio, cujo estilo era seguido nessa estátua do século V a.C.

Por fim, deparamos com a musculatura realista das estátuas clássicas do século V a.C., como nesse Discóbolo, uma cópia romana da estátua original, feita pelo escultor grego Míron.

A Pintura Etrusca

À mesma época que a civilização grega expandiu-se para a Itália meridional, no século VIII a.C., a misteriosa civilização etrusca já estava presente na península Itálica. Durante certo período, acreditou-se que os etruscos fossem oriundos da Ásia Menor, mas hoje se costuma afirmar que eles surgiram na própria Itália. Sua arte, embora influenciada pela grega, conservou um estilo único, que os próprios gregos valorizam bastante. Alguns exemplos da arte etrusca primitiva, tal como a pintura mural na Tumba dos Leopardos em Tarquínia, tem caráter bastante jovial. Os homens, que talvez estejam dançando, seguram uma taça de vinho, um diaulo (flauta dupla com uma só boquilha) e uma lira.

No entanto, grande parte da arte etrusca que chegou até nós guarda uma consciência da natureza incontrolável da vida e de todas as implicações disso. Entre algumas impressionantes pinturas dos túmulos etruscos, contemporâneas do período clássico na Grécia, encontra-se esse afresco do Rivo di Puglia, em que uma procissão luminosamente colorida de Mulheres enlutadas avança com força implacável.

Elas são um fascinante contraste às mulheres lamentosas da tumba de Ramose. As egípcias sofrem com a perda humana acarretada pela morte, ao passo que as etruscas afligem-se com a implacável marcha do destino.

Pintura na Grécia Clássica

O pintor mais significativo do período clássico primitivo (c. 475-450 a.C.) é Polignoto, considerado o primeiro a dar vida e caráter à arte da pintura. Nenhuma das pinturas de Polignoto chegou até nós, mas Plínio deixou uma descrição de seu “Discóbulo”. Entre as pinturas gregas remanescentes do século IV a.C., a mais notável é O rapto de Perséfone, na parede de uma tumba do mesmo complexo funerário onde foi sepultado Filipe II da Macedônia, que morreu em 356 a.C. Com a vitalidade e o naturalismo que caracterizam a arte daquela época, essa imagem evocativa e inquietante mostra como os gregos explicavam as estações do ano. Perséfone é a filha de Deméter, deusa da fertilidade.

Hades leva Perséfone à força para o mundo interior, do qual ela emergirá trazendo a primavera.

A Arte Helenística

Alexandre Magno (356-323 a.C.) estendeu seu império até as fronteiras da Índia, tendo antes conquistado a Pérsia, velha inimiga da Grécia, e também o Egito. Quando Alexandre morreu, esse império foi dividido entre seus generais, que estabeleceram uma série de Estados independentes, nos quais se disseminou uma cultura nova e cosmopolita, mesclando Oriente e Ocidente. Hoje conhecida como cultura Helenística, ela prevaleceu no Mediterrâneo até bem depois do Império Romano tornar-se a potência dominante. O coração dessa cultura estava em Atenas, mas seus outros centros importantes (que eram governados por reis gregos e tinham o grego como idioma) estavam na Síria, no Egito e na Ásia Menor. A obra romana conhecida como “Mosaico de Alexandre”, descoberta na Casa do Fauno, em Pompéia, baseou-se numa pintura helenística.

Ela descreve a batalha de Isso, em 333 a.C., na qual Alexandre derrotou o rei persa Dario III. A cena é violenta e vibrante, e o artista demonstra uma sofisticação técnica (ele já conhece o escorço) que confere quantidade e impacto à obra. A cultura helenística logo desenvolveu um amor à “arte pela arte”. A influência oriental levou a uma arte mais decorativa e suntuosa, e os elementos religiosos passaram para um segundo plano. Em seu lugar, havia pinturas de jardins (entre as quais, pode-se argumentar, estavam as primeiras paisagens), naturezas mortas, retratos e cenas da vida cotidiana. A popularidade dessa tendência, que os historiadores, curiosamente, denominaram “barroca”, é registrada por Plínio, o qual escreveu que se podia encontrar arte não só nos palácios, mas também nas barbearias e sapatarias.

A maior preocupação dos artistas helenísticos era a fidelidade com que procuravam representar o mundo real, e eles tendiam a descrever ações dramáticas e frequentemente violentas. Esses artistas desenvolveram um estilo que se equiparava à vívida tradição literária estabelecida pelo poeta romano Virgílio (70-10 a.C.).

Um exemplo definitivo da filosofia artística helenística é Laocoonte e seus dois filhos, que remonta ao século I. A escultura descreve uma cena horripilante da Eneida de Vírgilio: o sacerdote troiano Laocoonte e os filhos são estrangulados por duas serpentes marinhas. Era um castigo dos deuses, pois o sacerdote tentara alertar os troianos contra o cavalo de madeira deixado pelos gregos. Não tendo recebido o aviso, os troianos foram logrados: arrastaram o cavalo para dentro da cidade e causaram o própria derrota. Trata-se de uma escultura, mas dá alguma idéia do que deve ter sido a pintura helenística. A obra foi descoberta em 1506 e exerceu grande influência em muitos artistas da Renascença, como, por exemplo, Michelangelo, que a considerou “um milagre artístico sem igual”. Entre aqueles que foram inspirados por ela, estava o maneirista El Greco, o qual sabemos ter produzido três pinturas em que figurava a história de Laocoonte.

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curiosidades sobre a pintura egípcia.

Os egípcios amavam demais o mundo terreno para acreditarem que os seus prazeres chegassem necessariamente ao fim com a morte. Achavam que pelo menos os ricos e poderosos poderiam desfrutar as delicias da vida pela eternidade afora, desde que as imagens desses falecidos fossem reproduzidas em suas respectivas tumbas. Assim, boa parte da pintura egípcia era feita em prol dos mortos. Entretanto, é possível que os egípcios não julgassem que garantir uma boa vida após a morte exigisse muito gasto e que, por isso tenham escolhido a pintura como um recurso que poupava mão de obra e cortava gastos. Em lugar da dispendiosa arte escultórica ou da pedra talhada, empregava-se uma expressão artística mais barata, a pintura. Em todo o caso, é certo que o estilo de pintura cerimonial e formal usado nas paredes das tumbas não era o único disponível. Hoje sabemos que , ainda em vida, egípcios ricos tinham murais em casa e que estes eram elaborados em estilos pinturescos de rica textura. Infelizmente, só perduraram pequenos fragmentos desses murais.

A Pintura nas Tumbas Egipcías

Talvez uma das imagens mais impressionantes das tumbas egípcias sejam os “Gansos de Medum”, três majestosas aves da tumba de Nefermaat (um filho de Snefru, o primeiro faraó da IV Dinastia) e de sua esposa Itet.

Os gansos, que remontam a mais de 2 mil anos antes de Cristo, são apenas um detalhe num friso pictórico na antiga cidade de Medum, mas já sugerem a vitalidade e pujança dos triunfos escultóricos que estavam por vir. Outra pintura egípcia, da tumba de Ramose, mostra uma procissão funerária de Mulheres Lamentosas. Ramose foi ministro de Amenófis III e Amenófis IV (mais conhecido como Akhenaton), dois faraós da XVIII Dinastia. Nessa pintura, as mulheres são bidimensionais e esquemáticas, mas os gestos angustiados vibram com o pesar.

Para os antigos egípcios, o que importava era a essência eterna, aquilo que constituía a visão de uma realidade constante e imutável. Portanto, sua arte não se preocupava em variar as aparências para atingir efeito visual, e até mesmo a arguta observação da natureza (em figuras que aparentemente eram pintadas de memória) submetia-se a uma rígida padronização de formas, as quais muitas vezes se transformavam em símbolos. Se as cenas egípcias parecem definitivamente irreais, isso não se deve a nenhum “primitivismo” (pois fica bem clara a habilidade técnica e a evidente compreensão das formas naturais). Era antes, conseqüência direta da função essencialmente intelectual que a arte desempenhava. Toda figura era mostrada do ângulo em que pudesse ser mais facilmente identificada, conforme uma escala que se baseava na hierarquia, sendo o tamanho dependente da posição social. Daí resultava um aspecto muitíssimo padronizado e esquemático . A absoluta preocupação com a precisão e a representação “completa” aplicava-se a todos os temas; assim, a cabeça humana é sempre reproduzida de perfil, mas os olhos são sempre mostrados de frente. Por essa razão, não há perspectiva nas pinturas egípcias – tudo é bidimensional.

O Estilo e a Composição

Na maior parte, os murais egípcios, como na “Cena de caça a aves selvagens”, que está na tumba de um nobre em Tebas, eram criados com a técnica do “falso afresco” (que os italianos denominaram fresco secco). Nesse método, a têmpera é aplicada à argamassa já seca, ao contrário do que acontece na verdadeira pintura a freco (o buon freco), que é feita sobre a massa úmida. A vida selvagem nos brejos de papiros e o gato de caça de Nebamun são mostrados com muita minúcia, mas a cena é idealizada.

O nobre está de pé em seu barco, segurando na mão direita três aves que acabou de abater e na esquerda uma espécie de bumerangue. É acompanhado pela esposa, que segura um buquê e usa um traje complexo, com um cone perfumado na cabeça. Entre as pernas de Nebamun, acocora-se sua filha, a pequena figura que apanha na água uma flor de lótus (a composição é um exemplo de como se convencionava determinar as dimensões das figuras conforme a hierarquia familiar e social). Na origem, essa pintura era parte de uma obra maior, que também incluía uma cena de pesca.

As Regras Egípcias de Representação

Na arte egípcia, a representação por inteiro da figura humana organizava-se segundo a chamada “regra de proporção”, um rígido quadriculado, com dezoito unidades de igual tamanho, que garantia a repetição acurada da forma ideal egípcia em quaisquer escalas e posições. Era um sistema a prova de erro, que estabelecia as distâncias exatas entre as partes do corpo. O sistema até especificava o comprimento exato das passadas nas figuras de caminhantes e a distância entre os pés (ambos mostrados da face interna) nas figuras que estivessem a pé e imóveis. Os artistas desenhavam o quadriculado na superfície de trabalho e então ajustavam ali dentro a figura que pretendiam representar. Uma prancheta de desenho da XVIII Dinastia mostra o faraó Tutmés III num quadriculado desse tipo.

Os egípcios não adornavam apenas tumbas: eles também pintavam esculturas. Acredita-se que essa bela escultura de calcário, a “Cabeça de Nefertite”, esposa do faraó Akhenaton, tenha sido uma cópia de ateliê, pois a encontraram entre as ruínas da oficina de um escultor.

Ela é tão comovente quanto uma cabeça de Botticelli, com a mesma melancolia tocante e delicada. Demonstra um afrouxamento das rígidas convenções que regiam a arte egípcia anterior (e que regeriam a posterior), pois Akhenaton rompeu com o estilo tradicional. Em seu reinado, os entalhes, esculturas e pinturas foram alentadoramente graciosos e originais.

março 13, 2007

sobre a Imaginação.

imagem de Frida Kahlo. “Para bem sentir o papel imaginante da linguagem, é preciso procurar pacientemente, a propósito de todas as palavras, os desejos de alteridade, os desejos de duplo sentido, os desejos de metáfora. De um modo mais geral, é preciso recensear todos os desejos de abandonar o que se vê e o que se diz em favor do que se imagina. Assim, teremos a oportunidade de devolver à imaginação seu papel de sedução. Pela imaginação abandonamos o curso ordinário das coisas(...)।"

“ ...as imagens são, do nosso ponto de vista, realidades psíquicas। Em seu nascimento, em seu impulso, a imagem é, em nós, o sujeito do verbo imaginar. Não é o seu complemento.”

“ Pretende-se sempre que a imaginação seja a faculdade de formar imagens. Ora, ela é antes a faculdade de deformar as imagens fornecidas pela percepção, é sobretudo a faculdade de libertar-nos das imagens primeiras, de mudar as imagens. “

" Imaginar é ausentar-se, é lançar-se a uma vida nova”

gaston bachelard . da imaginação.

março 12, 2007

formas

imagem Joan Miró।

Pelo que percebemos introduzindo a Arte Pré-histórica, a linguagem a artística é o que permanece de uma civilização.

A criação artística nada mais é do que a manifestação de respostas a perguntas feitas sobre a vida e o mundo.

As formas se dirigem aos nossos sentidos, elas precisam ser vistas e ouvidas para que seu conteúdo expressivo se comunique. Não apenas ao nível de informações intelectuais mas dentro de um contexto vivencial maior, de sentimentos e memórias, ritmos internos e equilíbrio. A linguagem da arte é não-verbal é formal, de formas.

Nos processos criativos, o “ pensar imaginando” se dá através de formas, não com palavras ou conceitos.

È importante reconhecer que em cada forma existe uma resposta, um depoimento, uma postura ante o viver. Vindo de épocas tão distantes, tais respostas ainda se comunicam a nós.

Ostrower, Faiga.

www.faygaostrower।org।br/

musa inspiradora.

a primeira modelo da história. Vênus de Willendorf.
"Arte é tudo que expressa dentro de cada época, as emoções e o pensamento da sociedade através da música, teatro, arquitetura, pintura, etc." por Diogo, Foche e Bruno.
Dorival Caymmi, músico.
"a Arte é acima de tudo criatividade, emoção e inspiração. Arte não é somente um desenho ou uma apresentação, a arte é um modo de expressão." por Jessiê, Bruna, Giulia e Manoela. de Pina Bausch. coreógrafa alemã.
"A arte é a melhor forma de expressão através dela podemos ver o mundo de outra forma, afinal omundo é uma obra de arte. " por Mariani, Déia, Amanda, Taíse e Naiara. Sebastião Salgado.
"uma forma de expressar nossos sentimentos não importa qual sejam e sim como demonstramos." por Gabriela, Mone e Elisa. Amedeu Modigliani.
"Uma forma de ver a vida, expressar seus sentimentos, sua opinião e o jeito como cada um vê e sente as coisas."
por Morgana, Luísa e Manoela
Frida Kahlo
Arte é tudo que expressa dentro de uma determinada época os pensamentos de uma sociedade.
por Douglas, Rafael e alguns alunos que preferiram "não se identificar"
René Magritte.

फोतोग्रफिया.

www।henricartierbresson।org/ My passion has never been for photography 'in itself,' but for the possibility -- through forgetting yourself -- of recording in a fraction of a second the emotion of a subject, and the beauty of the form." -- Henri Cartier-Bresson (minha paixão nunca foi a fotografia nela mesma, mas a possibilidade - através do esquecimento de si mesmo- de recordar em uma fração de segundo a emoção de um tema e a beleza da forma. )
Henri Cartier-Bresson. foto. Inicio do ano letivo na escola. uma professora de passagem. primeira aula? viajando. segunda? estréia de sua peça em Porto Alegre. terceira? guardadas as devidas condições: sexta tarde primeiro período. 13hs. o sono é convidado de honra da classe. quarta? sábado de manhã. o sono ainda está por ali, em desalinho nos olhares e olheiras. somos estranhos uns aos outros. buscando um vocabulário comum. um vocabulário auxiliar. uma passagem que nos permita andar sobre e entre as lacunas da história, a parcialidade da história. dos bisões à performance art, nossos percursos.
marina mendo, professora.
मरीना मेंदो - प्रोफेस्सोरा.